sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Fragmentos de Amsterdam (1)

No último final de semana (21 e 22) visitei Amsterdam. Minha primeira viagem para fora do território parisiense foi também minha primeira viagem para fora da França. Queria escrever um único post com tudo o que vi. Mas talvez, por ter visto tantas coisas diferentes, a unidade pretendida no relato de minhas impressões seja impossível. Falarei, pois, de maneira truncada. Mesmo porque tudo o que tenho são fragmentos de lembranças tão díspares que eu jamais conseguiria unir de verdade.

Visão geral

Achei Amsterdam fascinante. Além do passeio de barco, que me deu uma visão panorâmica do local, não tive tempo de ver muita coisa. Pois o hotel escolhido pela agência de viagens ficava muito longe do centro da cidade, o que consumia bastante tempo na logística do transporte. Mesmo assim, consegui ver o Museu Van Gogh e ainda me divertir andando um pouco pelas simpáticas ruas desse lugar que, pela liberalidade dos costumes, me provoca e me encanta.


Encontro

Os canais cortam a cidade em várias direções e, quando vi as fachadas dos prédios à beira deles, vislumbrei uma espécie de acordo entre os homens e as águas. Encantei-me com o cenário porque, por um lado, as águas pareciam querer avançar ameaçadoramente em direção às moradas dos homens, mas, por outro, os homens mesmos pareciam consentir o risco ao permitirem ousadamente que as águas chegassem tão perto. No final, nem ameaça nem ousadia: apenas equilíbrio e uma atmosfera humana amena, muito mais leve que a de Paris.


Cannabis

Nas portas dos cafés era possível sentir o cheiro de maconha (ou outras drogas, não sei bem). Apesar de não ter entrado em nenhum desses estabelecimentos - talvez por falta de coragem, talvez por puro preconceito -, pude sentir os aromas do lado de fora e pensei: "Amsterdam tem um cheiro característico!"

Ora, depois me lembrei que os brasileiros caracterizam os parisienses com piadas que envolvem o olfato: ouve-se muito que os franceses tomam pouco banho e usam muito perfume, ou seja, que o cheiro dos franceses é característico. Acredito então que não seria absurda a idéia de distinguir Paris e Amsterdam pelo odor de suas ruas, ou, pelo menos, pelos efeitos distintos de cada um desses odores.

A propósito: li a propaganda do Hash Marihuana & Hemp Museum, que anuncia uma exposição permante sobre a história da cannabis (o nome científico da maconha), com indicação dos usos medicinais e da apropriação cultural dessa planta. Infelizmente não deu tempo de entrar. Mas a impressão é de que a cannabis é um símbolo de Amsterdam. Ou talvez, mais do que isso, a cannabis seja a marca de uma sociedade que não vê tanta contradição entre as leis e os costumes.

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