sábado, 4 de setembro de 2010

Ver e rever (de novo)

A cada vez que vejo a torre, ela me parece um pouco diferente. À medida que meus olhos se acostumam com sua imagem, ela vai perdendo o encanto e se tornando mais e mais real.

É como se, pela força do hábito, o aspecto de sonho fosse desaparecendo da minha visão e, no final, só sobrasse a parte real: não mais rê-ver, mas apenas ver (lembram-se de ver e rêver?).

Será possível desencantar-se com Paris? Será possível uma Paris real? Talvez. Por que não? Afinal, o hábito cansa nossos olhos - mesmo que seja cansaço de deslumbramento -, e olhos cansados são desencantados, pois só enxergam o que é real.

É por isso que fico tão emocionado ao conhecer casais de longa data: apesar do hábito, há ainda algum tipo de encanto. Não o encanto da primeira vez, da paixão nova, mas um outro encanto: o da realidade reencantada. Mas esse (re)encanto, será real? Dúvidas, dúvidas...

Só sei que admiro muito os casamentos duradouros, pois eles me fazem crer que hábito e encanto não são tão incompatíveis quanto parecem à primeira vista. Mesmo porque, à primeira vista, não vemos a realidade, apenas sonhamos.

Queria então me habituar a ver casais antigos, até que eles me parecessem bem reais. Porque acho que assim eu descobriria como reencantar o real, como descansar os olhos cansados, para ver e rêver o mesmo como se fosse novo de novo e de novo...

Ah, como eu queria amar (Paris) de novo... e sempre!

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