quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ver e rever

Olhar a Torre Eiffel de perto é algo que impressiona. E vejam que cheguei aqui acreditando que não acharia graça naquela estrutura de ferro, cujos traços eram-me - pensava eu - mais que conhecidos. A reação que tive ao me aproximar dela foi pensar que aquilo não existia, que meus olhos me enganavam, mais ou menos como o Descartes das Meditações, que precisa duvidar de tudo para poder acreditar em alguma coisa.

Isso é uma "coisa estupidamente grande", um "negócio absurdo", dizia a mim mesmo.

Fiquei surpreso com minha surpresa porque achei que conhecesse a Torre. De todo modo, foi muito curiosa a experiência de vê-la "ao vivo". Afinal, as representações que eu tinha desse monumento bizarro estavam guardadas, em suas infinitas variações, na gaveta das coisas banais do meu imaginário. Já tinha "visto" a Torre Eiffel filmada, desenhada e fotografada sob vários ângulos, nas mais diferentes cores e estilos, e isso sem contar as reproduções em miniatura, sobretudo naqueles ridículos chaveiros, que agora entendo por que as pessoas usam...

Mais tarde, enquanto tentava registrar essa sensação em meu diário, veio-me a idéia de um trocadilho. O verbo "rêver" pode ser traduzido por "sonhar". E era bem isso: tudo se passou como se eu estivesse sonhando com a Torre ao rever uma imagem conhecida que, de diversas formas, meus olhos já haviam captado milhares de vezes. Para mim, rever a Torre aqui em Paris, "ao vivo", era como vê-la em sonho: rêver la tour Eiffel...

PS: A foto, onde apareço com cara de assustado, foi tirada na noite dos fogos em comemoração ao 14 de julho, ou seja, dois dias após minha chegada em Paris.

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